terça-feira, 8 de março de 2011

Jornalista não vai mais se pronunciar sobre Operação Uragano

     O jornalista Eleandro Passaia, enviou nota à imprensa informando que é a última vez que se pronunciará antes do julgamento dos acusados envolvidos na Operação Uragano, realizada pela Polícia Federal e que desmantelou um grande e antigo esquema de corrupção e desvio de dinheiro público. 
Eis a nota na íntegra
     Será a última vez que vou responder perguntas de colegas jornalistas antes dos julgamentos dos réus da Operação Uragano. Não vou mais dar munição aos advogados de defesa e á imprensa marrom que distorcem o que eu falo, quase sempre. As matérias divulgadas por alguns dos principais sites do Estado me dão uma certeza: ou os jornalistas não perceberam que estão sendo usados, ou, por algum motivo, são mal intencionados.
     Há obscuridade em várias questões:  
     1 - Afirmações confusas tentam levantar suspeitas sobre as gravações incluídas no inquérito da Uragano apenas porque as mesmas começaram antes do acordo de delação premiada assinado por mim. O que os veículos de comunicação se esquecem, é que o Ministério Público Estadual já explicou várias vezes que o acordo foi feito principalmente para legitimar as provas, já que eu não sou policial ou agente de justiça. Maldosamente alguns jornalistas se referem a delação como se fosse um acordo feito apenas com bandidos. No meu caso, o documento serve ao Ministério Público que precisa do acordo para não perder a autenticidade das provas.  
     Tantos ataques podem ter o propósito de me incentivar a renunciar a tal delação para provar que sou inocente, já que não me beneficio do acordo, para que os advogados de defesa tentem anular todas as provas constituídas contra os seus clientes.  
     2 - Com extrema perversidade também fui acusado de ter mentido ao afirmar que procurei a Polícia Federal quando descobri o esquema de corrupção e só a partir daí iniciei as gravações. Para sustentar essa acusação alguns sites lembraram que o acordo de delação premiada foi assinado depois das primeiras datas que aparecem nos vídeos entregues à justiça. Pois volto a confirmar que procurei a Polícia Federal em maio de 2010, iniciei as gravações poucos dias depois e assinei a delação em julho. Que fique claro que a assinatura do acordo e os primeiros depoimentos oficiais são ações distintas e não podem ser confundidas com o início da Operação como covardemente foi sugerido.  
     Que o leitor analise comigo: o que o fato de o acordo ter sido assinado depois do início das gravações tem a ver com a veracidade das informações?
     3 - Trechos dos diálogos que eu tive com os acusados estão sendo colocados na internet sem nenhum critério. Para os desinformados fica a impressão de que o ex-prefeito Ari Artuzi é a vítima e eu o réu. O que ninguém pode esquecer é que só ganhei a confiança dos acusados, promovendo os pagamentos, porque eles acreditavam que eu era um deles. Sendo assim é óbvio que há vários trechos em que eu falo de esquemas como desvio de dinheiro e truques para enganar a justiça.  
     No entanto, eu mesmo gravei e entreguei o material à polícia. Lógico que não teria constituído prova contra mim se não houvesse outra intenção que não fosse a de desmascarar a quadrilha.  
     4 - Também foi parar na internet, por intermédio de alguns sites, a conversa que eu travei com Ari Artuzi sobre a gravação dos vereadores pedindo dinheiro. É preciso deixar claro que o ex-prefeito desejava ter os legisladores “nas mãos” com o propósito exclusivo de não pagar as propinas pedidas pelos mesmos e não porque queria entregá-los à polícia. Poucas semanas antes das prisões, após muita insistência de Artuzi, confirmei que havia iniciado as gravações propostas por ele. A partir daí ele começou a chantagear alguns vereadores afirmando que os denunciaria se pedissem mais dinheiro ou não permanecessem na base de apoio ao governo na Câmara Municipal.
      Em nenhuma hipótese as gravações propostas pelo ex-prefeito tem ligação com os vídeos gravados pela Operação Uragano. O que também não prova que Artuzi estava bem intencionado, pois queria apenas ter os parlamentares sob domínio.  
     5 - Foi informado ainda que a Operação Uragano começou com o ex-funcionário da empreiteira CGR, Alexandre Silva de Assis, ao denunciar à PF um esquema de superfaturamento de obras entre a empresa e a Prefeitura de Dourados. A denúncia de Alexandre não tem nenhum elo com a Operação Uragano, mas não significa que o mesmo não deve ser parabenizado pelo ato de bravura que teve. Alguns jornalistas simplesmente desconsideraram as informações da Polícia Federal na tentativa de confundir a opinião pública e insinuar que eu menti quando disse que me apresentei espontaneamente a Federal.  
     Para desmascarar a seqüência de ataques mentirosos volto a lembrar que fui bem sucedido durante as gravações porque me fiz passar por um agente público com a mesma índole dos acusados. Ouvi tudo sem questionar, fiz comentários sobre os crimes que estavam acontecendo para incentivar os interlocutores a falarem o que sabiam e ajudei a executar planos de acordo com o que me era proposto. Também pedi dinheiro, recebi dinheiro e entreguei dinheiro desviado dos cofres públicos. Assim fui aceito. No entanto, antes de começar tudo isso comuniquei meus atos à justiça. Os crimes foram praticados com o propósito de ajudar a polícia a por na cadeia quem hoje tenta inverter a ordem dos fatos.  
     Antes de publicar qualquer boato divulgado por fontes de índole questionável, sugiro à imprensa que procure a Polícia Federal e/ou o Ministério Público Estadual. Quanto a mim, cumpri o meu dever de cidadão como poucos, para decepção de muitos. Agora sigo a minha vida como qualquer cidadão de bem: com dignidade e de cabeça erguida.

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